E partindo-se do pressuposto de que eu almocei ontem como uma garota normal, hoje eu não posso nem pensar em comida. Preciso ficar presa nos meus projetos de escola e nos meus livros pra não passar o dia me empanturrando de gordura. Porque cada dia mais me sinto gorda, feia e com vontade de chorar toda vez eu me olho no espelho. Até quando isso vai durar?
Sei que pareço feliz, que pareço bem positiva, mas eu não sou. Céus e como não sou, bem longe disso aliás. O estranho é que também não estou triste. Estou meio morna sabe, cinza. Monocromática. Como aquelas relações que eram quentes e ótimas mas que com o passar do tempo foram esfriando.
É assim que me sinto, meio sem solução, hopeless, como comida estragada que só tem como destino o lixo. E me sinto sozinha também, mas essa parte não é a pior, sempre fui sozinha e me imagino sozinha daqui a cinco anos também, trabalhando, cursando a segunda faculdade, vivendo na correria, mas sozinha. Ser sozinha nunca me incomodou realmente, não de verdade, eu só tinha medo de ter que conviver comigo mesma. Porque eu não sou legal. Não sou saudável nem sou o que os outros veem. E sou muito pior a noite, sem luzes e com todo aquele vermelho. Já falei isso pra psicóloga ano passado, mas tudo que ela sabia fazer era me chamar de imatura e dizer que a atenção retraída dos meus pais durante os anos era o motivo de tudo aquilo. Blá. Grande merda. Quando eu for psicóloga, vou realmente ouvir meus pacientes, vou realmente tentar entender o que se passa na cabeça deles. E vou tentar tirar, vou tentar fazê-los feliz. Porque já desisti de tentar tirar essas sombras de dentro de mim, só quero mesmo é que elas não estejam em mais ninguém.
E sei lá porque diabos escrevi isso aqui. Eu não sou louca tá gente, pode parecer, mas não é loucura
Mas eu nunca consigo condensar tudo o que se passa aqui, dentro de mim e transformar em palavras, por isso parece tão estranho. Mas tudo bem.
Como dizia a psicóloga, é bom viver, por mais que doa.