6.9.12

Carta à Ana,

"Ninguém imagina o pavor que eu tenho da minha própria sombra. Nenhum fantasma me assusta, nenhum espírito me atormenta, mas que medo a minha sombra me provoca! Mal posso olhar para ela, roliça, pesada, disforme, desengonçada, deselegante, como eu. Responde amiga: por que não posso ser como o Peter Pan, que perdeu a sombra? Por que não posso ser transparente?
Não posso bobear, não posso maneirar na dieta, tenho que controlar cada caloria, cada gordurinha. Absolutamente tudo. Hoje eu entendo perfeitamente que a comida é minha inimiga. Inimiga, sim! De que mais eu poderia chamar? Ela nunca me põe pra cima, nunca me alivia e nunca me consola, feito você. Ela faz de tudo pra chamar minha atenção, pra desviar meus pensamentos de coisas boas. Mas eu garanto a você: ela não vai me derrubar, ah, mas não vai mesmo! Sempre que eu fraquejo, perco o controle, cometo qualquer abuso, logo dou um jeito de compensar.
Mas sabe de uma coisa, amiga? Tenho certeza de que o corpo se acostuma com tudo. Cada vez menos calorias, cada vez mais ginástica, uma pequena vitória a cada dia. Até que finalmente, tenho certeza, meu corpo vai aprender a não sentir falta da comida. No fundo, eu sei que a culpa é minha, mas também é desse mundo. É ele que me persegue, que me tortura, que me embrulha o estômago, que me faz vomitar. Se o mundo fosse outro, quem sabe eu não precisaria fugir das fotos, da sombra, dos espelhos...
Se o mundo fosse outro eu não teria que ouvir estas palavras de nojo: anoréxica!, bulímica! Eles não têm vergonha de lançar tanto desprezo sobre o meu corpo e minha alma?
Anorexia, bulimia. Se eles apenas conhecessem vocês duas como eu conheço, se conhecessem seus segredos, sua intimidade.
Não vomito, mas porque não consigo. Se o conseguisse, a Mia me acolheria sem pensar duas vezes.
Por enquanto, continuo com a você, Ana, minha amiga de sempre, companheira."



Não fui eu que escrevi, mas lembro que adaptei pra ter mais a ver comigo. 
Algum jornalista/psicólogo deve ter escrito, só não lembro como foi parar no meu caderno HAUHSUHA

2 comentários:

  1. Olá,
    Com licença...
    Gostei muito do texto.
    É uma tortura vivermos no corpo em que vivemos, as vezes sinto que não faço parte dele. Queria que tivesse um zíper para tirar essa capa e ficar só os ossos.
    Fica bem, beijos ;*

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  2. lindo o texto, muita verdadeai..
    poia é, flor, essa semana pra mim foi devastadora e eu me descontrolei esse final de semana também, um misto de culpa e desespero, apelei pra comida..e é nessas horas que a gente se sente exatamente como no texto ai acima.. eu me sinto cada vez mais gorda, e não é psicológico, eu sei,é verídico! eu tô muito perto dos 70 de novo, e pra quem um dia prometeu nunca mais pesar mais que 60, olha, eu tô muito mal..só eu sei como eu me sinto por dentro..mas esse final de semana eu conversei com uma amiga (ela é magrinha de natureza) sobre tudo isso e pela primeira vezalguém me entendeu, ela me disse o quanto é bom ser magra e não comer muito, ela é quase ana também, só que diferente da gente ele já alcançou a perfeição! e ela me entendeu muito, me apoiou e foi a primeira a mandar eu emagrecer, me deu uns conselhos..sabe, eu fiquei com a alma lavada, é tão bom ter alguém pra desabafar sobre isso sem ver as pessoas te julgando! e ai eu criei mais um pouquinho de força pra tentar mais uma vez..vou fazer NF, até quando aguentar. Comprei uns suquinhos de pacote zero de limão e abacaxi, que não tem nenhuma caloria! e ai é um jeito legal de permanecer firme no NF e sem ficar com aquele gostinho ruim na boca. Enfim, desculpa pelo comentário grande rs. A gente tem quase o mesmo peso agora, mas temos também é o mesmo objetivo..e pode contar comigo também, a coisa que eu mais quero nesse mundo é chegar a perfeição e ver você e as outras meninas também. Muito obrigada pela força, conte comigo pro que precisar também! e qualquer nova ideia/dieta, o que for, pode compartilhar também! boa semana, flor, que ela traga muitas vitórias pra gente! <3

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